Pan, famosa pelos “cigarros de chocolate” está encerrando suas atividades

O Ministério Público do Estado de São Paulo solicitou na segunda-feira, 15, que a justiça decrete falência da Indústria de Produtos Alimentícios Nacionais (Pan), uma das mais tradicionais de São Caetano do Sul (SP)

A companhia não se pronunciou sobre o encerramento das atividades e o juiz ainda não concretizou a Medida Provisória. Segundo uma reportagem exclusiva ao portal UOL, devido aos impactos gerados pela pandemia, a empresa não conseguiu pagar suas dívidas estimadas em aproximadamente R$ 209 milhões.

Indústria Pan passava por processo e deve milhões

Desde março do último ano, a fábrica da empresa está em processo de recuperação judicial, ou seja, este processo afirma que a Indústria Pan estava com dificuldades em se manter financeiramente e necessitava de ajuda judicial.
Segundo o advogado Ruslan Stuchi, a empresa expôs todos os seus credores e vencimentos. Desta forma, foi realizado um planejamento para negociações que podem envolver alterações em multas, juros, entre outras coisas. No documento, está discriminado que “a somatória da dívida tributária com o Fisco Estadual se encontra no valor de R$ 209 milhões” e a Indústria Pan estava com tributos vencidos.

Stuchi explica que, em caso de falência, os sócios saem da liderança e o juiz nomeia um administrador judicial para que a empresa seja conduzida. Na recuperação judicial a Indústria Pan deseja mostrar que está devendo, mas que ainda possui condições de continuar no mercado.

A empresa destacou que a pandemia interferiu de forma negativa nos cofres e o plano da recuperação judicial conseguirá recompor esse processo. A dificuldade é observar se a companhia está realmente melhorando seus resultados. Se sim, o juiz avaliará as vertentes dessa solidez e a falência será descartada.
Pan foi obrigada a encerrar suas atividades antes da Páscoa
Em documento enviado à Justiça, a indústria Pan se defendeu afirmando que uma perícia já finalizou a viabilidade da empresa e afirmou que a sua conduta contraria a afirmação de que é uma “devedora contumaz”.

A companhia afirmou que o termo é “pejorativo” e que sua inadimplência não é motivada por dolo. A Indústria Pan deixou claro que foi obrigada a paralisar suas operações em 2020, um mês antes da Páscoa. O que seria a melhor época do ano para o setor se tornou um pesadelo para o ramo chocolateiro.

A Pan afirma que está buscando formas de regularizar seus débitos tributários, negociando parcelamentos e oferecendo bem como garantias. Além disso, também afirma que tem sido contratada por outras empresas, que estão interessadas em fazer fusões ou compras, e, referindo-se à manifestação na Promotoria, declarou que incrédulos insistem em convencer o juiz da inviabilidade da empresa.

Acordos de renegociação da Pan são desfeitos

A Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo afirmou à Justiça que a empresa está faltando com a verdade, afirmando que os débitos da Indústria Pan continuam em aberto e sem busca concreta para serem quitados. Em petição anexada ao processo, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional afirmou que os acordos da Pan foram desfeitos, tendo em vista que a empresa não pagou as parcelas acertadas anteriormente.

O pedido de falência ainda não foi analisado pela Justiça e o período de suspensão dos processos de cobrança foram prorrogados pelo Juiz Marcello Perino, estabelecendo um novo prazo para que a empresa apresente um plano de pagamento aos credores.
A Pan foi fundada pelos engenheiros Oswaldo Falchero e Aldo Aliberti em 1935. De lá para cá, a empresa está instalada na Rua Maranhão em uma planta de 13 mil metros quadrados. Em 2016, o Grupo Benetti Brasil Participações assumiu a diretoria da Pan. Na época, em entrevista ao Diário, o presidente da rede, Marcos Tolentino, afirmava que sua meta era abrir 300 unidades em apenas dois anos.

Questionado sobre os problemas da indústria, afirmou que não diria estar em crise, mas que passou por algumas fases difíceis e sempre ganhou destaque por sua capacidade de superação.